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Não sei se esse termo, o famoso “Novo Normal”, está te incomodando assim como me incomoda, principalmente quando o assunto é o Líder que vai liderar nesse tal “Novo Normal”. Será que um Líder Integral, vai nascer por causa de uma Pandemia?
Não podemos negar que todo grande acontecimento, principalmente algo que ocorra com praticamente todos os habitantes do planeta, pode sim trazer novos pontos de vista, e reflexões sobre a forma com que estamos fazendo as coisas. Contudo, é preciso tomar muito cuidado com as expectativas que projetamos para o que surgirá depois de algo como a pandemia do COVID-19.
Para ficar mais claro , sobre o que estou me referindo, basta utilizarmos a História para nos auxiliar. Em 1918, tivemos também uma Pandemia que inclusive foi mais letal do que a do COVID-19. Não vamos negar, que com certeza muitas ações foram tomadas, principalmente em higiene, e isso ajudou a humanidade na prevenção de novas Pandemias.
Respondemos essa pergunta, observando o que estamos presenciando neste momento, em uma nova Pandemia: negação da Ciência, negação da própria pandemia, ausência de comportamentos alinhados para enfrentamento do vírus e seus efeitos.
Praticamente a mesma coisa que agora. Sendo assim, podemos dizer que a gripe espanhola não conseguiu nos transformar em uma civilização melhor. O que ela fez, assim como o COVID-19 vai fazer agora, foi mostrar possíveis caminhos, e para que possamos transformar a nossa civilização, será preciso ir muito além.
Com isso posto, e agora isolando o papel tão importante dado a quem lidera equipes de pessoas, vamos juntos responder a indagação que não pára de me provocar durante esses dias.
Quando me refiro a um Líder Integral, estou me referindo ao Líder que realmente pode liderar uma transformação verdadeira em nossas corporações, e com isso também liderar a transformação em nossa sociedade.
Independente de estarmos em um momento de Pandemia, se utilizarmos a metáfora de que o Líder é como se fosse um anfitrião em uma grande festa, é mais simples para se perceber que para que essa festa realmente seja inesquecível, e traga diversão para todos os envolvidos, o anfitrião precisa estar focado em 4 dimensões :
Da mesma forma que ninguém faz uma festa sem um motivo para festejar, um líder precisa encontrar os seus motivos para liderar. Olhar para dentro, fazer um balanço de seus pensamentos, emoções e valores, para que possa reconhecer seu verdadeiro propósito de liderança. Esse é o primeiro passo da festa da liderança, ou melhor até, na verdade é isso que torna a liderança uma festa, uma vez que conecta o o que há de mais valioso em uma pessoa, que é o seu propósito e intenções, com um plano para alcançar seus objetivos. Quando chamo a liderança de festa, não estou aqui simplificando a liderança, muito pelo contrário, pois só quem já organizou um festa sabe o quanto essa missão é desafiadora.
Quando a festa começa, todos estão de olho no anfitrião, cada passo de sua dança é observado por todos, e é bom que ele saiba dançar o ritmo que os convidados saibam e queiram dançar.
Um líder precisa estar em constante auto-observação, principalmente em relação aos seus comportamentos, e reações que mostra perante sua equipe no dia a dia. Parece que muitos que exercem a liderança, se esquecem de que são os modelos para sua equipe, e se tornam verdadeiros especialistas em avaliação dos comportamentos de seus colaboradores, mas jamais avaliam seus próprios comportamentos, e assim, perdem a chance da transformação. O líder precisa saber quando está falando demais, corando o rosto, sendo teimoso diante de uma questão ou até perseguindo algum colaborador. O corpo mostra esses sinais de desalinhamento com o seu propósito, basta começar a se observar. Alguns desconfortos corporais, cansaço sem motivo, pode ser um bom sinal de que esteja agindo em desacordo de seus valores e propósito. Observe-se !
Realmente é muito bom tomar certos cuidados, uma vez que certas culturas não aceitam alguns tipos de festa. Tudo era tão lindo na cabeça do anfitrião, mas depois na prática, não rolou. Já foi em uma festa assim?
Na liderança é muito importante reconhecer a cultura (o que não está escrito em nenhum lugar) das pessoas que você está liderando. Crenças, valores, competências e, principalmente, o que estão buscando para suas carreiras. Só assim o líder pode identificar quem são os seus facilitadores de transformação. Quando falo em transformação, é preciso tomar muito cuidado para não exigir que uma equipe faça algo que ainda não está preparada para fazer. Muitas equipes ainda nem são equipes de verdade, pois ainda precisam passar por todos os estágios para se tornarem uma verdadeira equipe, e só depois disso começarem a colher os melhores frutos da performance autônoma. Enquanto não existir confiança, ambiente propício para que seja dita a verdade, comprometimento de todos e responsabilidade, não se pode chegar aos resultados. Só uma equipe possui tudo isso.
Será que temos tudo que uma festa precisa? Sabemos quais são as regras do condomínio? Melhor avaliar tudo antes.
Um líder não pode se esquecer de seu papel de mão dupla. Ele é o rosto da empresa perante seus colaboradores, e é o rosto de seus colaboradores perante os demais membros da empresa. Sendo assim, cabe ao líder estar constantemente avaliando se ambos os lados estão entregando o que foi estabelecido em seus contratos. Os objetivos definidos estão sendo realizados pelos colaboradores e pela equipe? As regras de conduta estão sendo seguidas? Temos tudo que é necessário para as duas primeiras perguntas serem respondidas com um sonoro sim?
As regras do jogo, ou seja, uma boa governança estabelecida entre as partes, também são considerados recursos indispensáveis. Estabelecer rituais, como reuniões obrigatórias. Determinar o que não vai ser tolerado dentro das dinâmicas corporativas. Desenhar o “como” iremos fazer as coisas por aqui. São fatores essenciais na prática da liderança integral. A cereja do bolo é construir esses acordos junto com a equipe, mas se você acredita que sua equipe ainda não é madura o suficiente para essa tarefa, leia novamente as duas primeiras dimensões que eu trouxe nesse artigo.
Para concluir essa reflexão, sei que pode ter incomodado alguns líderes essa coisa de comparar um líder com um anfitrião. Isso é muito normal ao meu entender. Mas, é preciso deixar aquela visão de poder de lado, reconhecendo que assim como só existe festa com a participação ativa dos convidados, também só existe liderança quando a festa é feita pela participação ativa e autêntica dos colaboradores. O papel do líder é o de mostrar onde e como as coisas funcionam, cuidar do que não foi compreendido, descobrir o que é divertido para equipe, e cuidar de quem não se diverte junto aos demais. O líder não é o dono da festa, é só o seu anfitrião.
André Ferreira
Master Reiki, Coach certificado pela International Coaching Community, Administrador ,especialista em Qualidade e Instrutor em Mindfulness.
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