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Começo de um ponto fundamental diferenciando Problemas de Polaridades.
Problemas são situações que ocorrem nos nossos diferentes contextos e que de fato podem ser resolvidas. São situações com características bem específicas: tem um começo e um fim, são solucionáveis, possuem alternativas independentes e excludentes, e, podem ser mantidos e resolvidos sozinhos. Por exemplo: Devo matricular minha filha na escola X ou Y? Neste caso, vou provavelmente visitar cada escola, fazer uma lista de prós e contras, discutir com meu companheiro e minha filha, e decidir em qual escola matriculá-la. Ponto final, problema resolvido!
Polaridades são situações nas quais não existe um ponto final, não tem uma solução, existem alternativas que são interdependentes e que precisam ser gerenciadas juntamente, incluem opostos e não podem ser resolvidas de forma independente. Trago aqui um exemplo de uma Polaridade muito comum no mundo corporativo: Centralização X Descentralização/Autonomia na tomada de decisão. Você que é líder, consegue prover autonomia para o seu time em todas as tomadas de decisão organizacionais? Tem uma preferência entre delegar versus tomar a decisão autocrática? Consegue estabelecer e trabalhar somente em sua polaridade de preferência em sua empresa?
Consegue visualizar algo assim na sua vida? O tempo todo, não é mesmo?
As polaridades estão mais presentes em nossa vida do que temos consciência: Integridade X Flexibilidade, Justiça X Perdão, Planejamento X Liberdade, Tradição X Inovação, Competitividade X Igualdade, entre muitas outras presentes em diferentes contextos. As Polaridades, em uma visão interna e voltada para o autoconhecimento, estão geralmente conectadas com nossos valores.
Neste ponto, é importante levarmos em conta dois fatos sobre as polaridades. O primeiro é que sim, temos uma preferência para trabalhar ou escolher uma das polaridades e negligenciar a outra, e isso depende de nossas tipologias, por exemplo a tipologia junguiana de personalidade, e da nossa história de vida. Outro ponto importante é que o que trago aqui é que, embora não tenhamos uma solução para uma polaridade, é possível gerenciá-las.
O objetivo de integrar polaridades é maximizar os benefícios e minimizar os resultados negativos de ambas as polaridades, pois cada polaridade contém em si um propósito maior, assim como um medo profundo, algo que queremos evitar. Dependendo do contexto, talvez iremos para uma das polaridades em questão, observando com cuidado para não entrar em círculos viciosos, por um dos cuidados quando escolhemos uma polaridade é identificar se estamos sendo inclusivos ou excludentes, se estamos trabalhando no e ou no ou.
Além de trabalhar o exercício de integrar polaridades para o desenvolvimento individual, esse é um dos temas que trabalhamos em Workshops de Gestão da Complexidade em organizações, pois além dos benefícios da ampliação de percepção das questões que estão em Polaridades e de fato não vai haver uma “solução”, é importante ampliar perspectivas e possibilidades de ação diante de um tema “insolúvel”.
E você, como tem lidado com a Polaridades em sua vida? Que recursos tem utilizado para vislumbrar novas possibilidades?
Sabrina Green
é Sócia e Consultora de Desenvolvimento Humano e Organizacional, Psicóloga e Coach pela ICC.
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sabrina.green@greendh.com.br