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Para nossa mente que tem a tendência à dualidade, principalmente estimulada pelo nosso hemisfério esquerdo do cérebro, racional e lógico, muitas vezes é difícil a compreensão de uma visão do todo, integral, abrangente e sistêmica, que é muito mais estimulada pelo hemisfério direito do cérebro. Se pensarmos anatomicamente, há somente um corpo caloso que une os hemisférios esquerdo e direito do nosso cérebro, porém, na vida cotidiana, somos estimulados a este princípio de dualidade, que muitas vezes nos restringe a verdadeira possibilidade de evolução do Ser Humano: ampliar a nossa própria visão da realidade.
E o que isso tem a ver com a Constelação Sistêmica?
Primeiro que o objetivo maior de qualquer intervenção sistêmica é justamente ampliar a consciência sobre algo, colocar aos olhos o que não está sendo visto, diante de suas conexões e contextos. E, em segundo lugar, existe o processo de acesso à essas informações que, para nossa mente dual, é de difícil compreensão, que é o que chamamos acesso ao “Campo”.
Afinal de contas o que é “Campo”?
Vou primeiramente trazer um conceito do biólogo inglês Rupert Sheldrake denominado “Campo Mórfico” ou “Morfogenético”. Segundo Rupert, este campo confere uma estrutura e um padrão aos processos casuais e indeterminados nos sistemas que presidem, sejam eles qual forem: moléculas, cristais, células, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, ou seja, cada sistema possui um “Campo Mórfico” específico que contém todas as informações do mesmo, não meramente uma junção de partes mas um sistema formado por todos seus elementos. Isso quer dizer que, por exemplo, quando um determinado comportamento é repetido uma quantidade específica de vezes, forma uma espécie de memória cumulativa ou “Campo Morfogenético”, baseado no que aconteceu com aquela espécie no passado. Um exemplo bem conhecido da teoria de Rupert é a história das duas ilhas de macacos. Ambas as ilhas eram habitadas por macacos da mesma espécie, mas sem qualquer contato entre si. Na primeira ilha um dos macacos começa a lavar batatas antes de come-las e todos os macacos começam a repetir o mesmo comportamento. O que se observou é que após o centésimo macaco ter aprendido o mesmo comportamento de lavar as batatas, começou a se observar que também na outra ilha distante os macacos da mesma espécie repetirem este comportamento, mesmo sem ter tido nenhum contato físico entre si. Ou seja, as estruturas e padrões se estendem no espaço-tempo, mesmo sem contato direto.
Qual a correlação com a psicologia?
Como psicóloga, associo o chamado “Campo” ao Inconsciente Coletivo de Carl Gustav Jung. Gosto de visualizar o Inconsciente Coletivo como uma grande nuvem, na qual todas as informações de nossos Inconscientes Pessoais se juntam, inclusive de nossos antepassados, assim como Arquétipos da humanidade que foram se formando por essa memória: o Ancião, a Grande Mãe etc. Toda essa informação está ali, influenciando nossos comportamentos e ações, na maioria das vezes de forma inconsciente.
Além disso, se agregarmos mais um conceito, com os estudos da Física Quântica, todas as informações do passado, presente e futuro estão neste Campo, assim como no vácuo de cada célula, em cada um de nós.
O que quero trazer com tudo isso, afinal de contas?
Segundo Jung:
“até que você se torne consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você irá chamá-lo de destino.”
Diferentes teorias trazem possibilidades para que nossa mente dual e racional compreenda o “Campo”, inconsciente coletivo e as informações nele contidas, porém, o mais importante aqui é saber que é possível trabalhar a ampliação de consciência através dos processos sistêmicos e acessar informações e padrões de comportamentos inconscientes, tornando-os conscientes e gerando transformação em sua vida.
Fica o meu convite para a reflexão e integração deste conceito. Afinal de contas, quantas possibilidades de evolução e progresso podem vir a se concretizar em termos individuais e de sociedade se utilizarmos toda nossa potencialidade, nem que seja a dos hemisférios esquerdo e direito de nosso cérebro?
“Toda a Criação existe em ti e tudo o que há em ti existe também na Criação. Não há divisória entre ti e um objeto que te esteja próximo, tal como também não há distância entre ti e os objetos distantes. Todas as coisas, tanto as mais pequenas como as maiores, tanto as mais elevadas como as mais baixas estão em ti e são da tua própria condição. Um só átomo contém todos os elementos da terra. Um só movimento do espírito contém todas as leis da vida. Numa só gota de água se encontra o segredo do imenso oceano. Uma manifestação tua apenas encerra todas as manifestações da vida.” KAHLIL GlBRAN
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Sabrina Green
é Consultora de Desenvolvimento Humano e Organizacional, Psicóloga e Coach pela ICC.
https://www.greenintegral.com.br
sabrina.green@greendh.com.br